(Imagem: Skies Mag)
O inicio da história do Boeing 737
Na década de 1960, o setor de aviação comercial estava vivendo um período de rápido crescimento. Graças ao sucesso dos modelos Boeing 707 e 727 em rotas de distância média e longa, a Boeing direcionou sua atenção para uma nova área promissora: o mercado de jatos de curto alcance, que apresentavam menor capacidade de passageiros e maior frequência de voos. Assim surgiu o Boeing 737, criado em resposta à demanda crescente das companhias aéreas por aeronaves econômicas, ágeis e confiáveis para operações regionais e locais.
O desenvolvimento do 737 teve início formal em 1964 sob a direção do engenheiro Joe Sutter, que mais tarde se tornaria conhecido como o “pai do 747”. A Boeing tinha como objetivo desenvolver um jato bimotor para transportar entre 85 e 130 passageiros, a fim de competir com os modelos britânicos BAC One-Eleven e os franceses Sud Aviation Caravelle, além do Douglas DC-9, que era seu principal concorrente nos EUA.
Para minimizar os custos de fabricação e acelerar o processo de desenvolvimento, a empresa reutilizou peças do Boeing 727, especialmente a parte frontal da fuselagem e os sistemas de aviônica. Entretanto, uma das escolhas mais audaciosas — e inovadoras para a época — foi a colocação dos motores sob as asas, ao invés de na parte traseira, como era comum nos jatos regionais daquela época. Esse arranjo proporcionava uma manutenção mais fácil e melhor eficiência aerodinâmica, embora exigisse adaptações para garantir que a aeronave mantivesse uma baixa altura ao ficar no solo.
O primeiro protótipo do 737-100 realizou seu voo inaugural em 9 de abril de 1967, partindo da instalação da Boeing em Renton, Washington. O modelo começou a operar comercialmente em apenas alguns meses, no dia 10 de fevereiro de 1968, pela Lufthansa, que se tornou o primeiro cliente internacional a operar um novo modelo comercial da Boeing, enfatizando o apelo global do design.
Apesar de um começo discreto nas vendas, o 737 rapidamente se destacou devido à sua flexibilidade e eficiência. Ao longo dos anos, passou por várias atualizações e melhorias, tornando-se, eventualmente, a aeronave mais fabricada na história da aviação, com mais de 11.000 unidades entregues até o momento.

Novas Tecnologias do 737 em uma nova geração de um grande sucesso em crescimento (-CL)
Durante a década de 1980, a Boeing enfrentou o desafio da crescente adesão ao Airbus A320, que trazia maior eficiência e sistemas de controle fly-by-wire. Em 1984, a companhia lançou a linha 737 Classic.
- 737-300 (1984)
Equipado com o motor CFM56-3, um turbofan de alto bypass, que se mostrou muito mais eficiente em comparação ao JT8D.
Capacidade: acomoda até 149 passageiros.
Novo formato da nacela dos motores (achatado na parte inferior) para garantir a manutenção do trem de pouso em uma posição baixa.
Conta com um painel parcialmente digital.
- 737-400 (1988)
Versão alongada do modelo -300, com espaço para até 168 assentos, voltada para o mercado que demanda mais lugares. - 737-500 (1990)
Modelo compacto, que substitui o -200, oferecendo redução no consumo de combustível e uma maior autonomia.
A série Classic totalizou 1.988 aeronaves fabricadas até o ano 2000 e forneceu as bases técnicas para o desenvolvimento da próxima geração.

Renovação total e modernização para a virada do milênio (737NG - Next Generation)
Introduzido oficialmente em 1993 e começando a operar em 1997, a linha Next Generation — que engloba os modelos -600, -700, -800 e -900 — marcou a reformulação mais significativa do 737 até aquele momento. Com mais de 6.300 unidades entregues, o 737 se tornou o avião mais comercializado da história.
- Alterações principais:
Novo design de asa: reformulada, com maior largura e capacidade de carga de combustível, possibilitando distâncias de até 5.500 km. - Motores novos: CFM56-7B, que são mais silenciosos, eficientes em combustível e com alta confiabilidade.
- Painel cockpit totalmente digital com telas da Honeywell.
- Cabine Sky Interior (adicionada em versões mais recentes), que oferece iluminação em LED e aprimoramento no conforto.
Modelos:
- 737-600: sucessor do -500, não muito popular (69 unidades fabricadas).
- 737-700: versão de tamanho médio, bastante utilizada por companhias aéreas de baixo custo como a Southwest.
- 737-800: o modelo mais comercializado da linha NG, com capacidade para até 189 passageiros, utilizado por empresas como Ryanair, Gol e American Airlines.
- 737-900 / -900ER: a versão maior da série, em concorrência direta com o A321.

Um patrocinio de: Trivago
737Max, o problematico da linha 737
Lançado de forma oficial em 2011, o 737 MAX foi desenvolvido para competir com o Airbus A320neo, com a promessa de reduzir o consumo de combustível em 14% e diminuir os custos operacionais. Para alcançar isso, a Boeing precisou atualizar a estrutura do 737 NG sem fazer mudanças drásticas na certificação.
Principais inovações:
- Motores CFM LEAP-1B: maiores, mais silenciosos e com maior eficiência.
- Nova extremidade de asa (Split Scimitar Winglets) para aprimorar a performance aerodinâmica.
- Atualização do cockpit com telas expandidas e sistemas melhorados.
- Cabine com Sky Interior como padrão.
O escândalo Boeing sobre o 737Max
Dois trágicos acidentes — Lion Air 610 (Indonésia, 2018) e Ethiopian Airlines 302 (Etiópia, 2019) — resultaram na perda de 346 vidas e expuseram problemas no sistema MCAS (Maneuvering Characteristics Augmentation System), desenvolvido para ajustar o comportamento da aeronave devido à nova posição dos motores.
O 737 MAX foi proibido de voar em todo o mundo por 20 meses, entre 2019 e 2020, gerando a maior crise da história da Boeing. Após atualizações no software, revisão dos treinamentos e processos de certificação, o MAX recebeu a recertificação em novembro de 2020 nos Estados Unidos e, aos poucos, em outros mercados.
Modelos do MAX:
- 737 MAX 7: a versão menor, com foco em autonomia (7.130 km).
- 737 MAX 8: o modelo mais demandado, com capacidade para até 210 passageiros.
- 737 MAX 9: mais capacidade, podendo acomodar até 220.
- 737 MAX 10: o mais extenso de todos, com espaço para até 230 passageiros, voltado para rotas com alta densidade.
Fontes: boeing.com, FlightGlobal, Aviation Week Network, Simple Flying, National Transportation Safety Board (NTSB) e CFM International.

João Emanuel
Fundador da RCB, Jornalista Turistico, AvGeek, Noveleiro e Nômade DIgital
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